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O Nome Divino

  • Foto do escritor: Claudio Schueler
    Claudio Schueler
  • 9 de mar.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 25 de mar.

Será que Deus possui um nome? Se sim, qual seria? E ainda: esse nome seria Jeová? Conhecê-lo é indispensável para a salvação?
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Talvez você já tenha se deparado com essas perguntas ao conversar com grupos religiosos que afirmam ser impossível obter a vida eterna sem o conhecimento do nome divino. Por isso, convém abordá-las com precisão.

Este artigo tem como objetivo esclarecer cada uma dessas questões, destacando o nome pelo qual importa que sejamos salvos.

 

1. O Nome Perdido

 

A Bíblia verdadeiramente afirma que Deus possui um nome, e isto fica patente em Êxodo 3.15, em que o Altíssimo declara a Moisés:

“Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração.”

A maioria das traduções bíblicas atuais traduzem o nome divino com a palavra “Senhor” em versalete, substituindo o conjunto de consoantes hebraicas יהוה , ou YHWH, presentes nos manuscritos hebraicos disponíveis.

Quer dizer então que o nome de Deus é SENHOR?

Obviamente, não.

Então, por que é atribuído a Deus o título de Senhor como nome?

A razão para essa substituição remonta ao século IV a.C., quando, por uma interpretação rigorosa de Êxodo 20:7, os judeus passaram a evitar pronunciar o nome sagrado. Durante a leitura das Escrituras nas sinagogas, ao encontrar o Tetragrama, recomendava-se a leitura de Adonai (Senhor). Caso o nome fosse precedido por Adonai, substituía-se por Elohim (Deus).

Desde então, a pronuncia do nome divino só era permitido ao sumo-sacerdote por ocasião do sacrifício anual.

Ao estabelecer esta regra, os judeus excederam o mandamento de não pronunciar o nome de Deus, amplamente pronunciado pelos patriarcas e profetas, em vão.

Essa proibição, contudo, gerou efeitos; pois o TETRAGRAMA não aparece no livro de Daniel, exceto no capítulo 9, e não aparece uma única vez nos livros de Eclesiastes e de Ester.

O costume de substituir o TETRAGRAMA por Adonai na leitura dos textos sagrados foi inserido na tradução grega dos setenta (ou Septuaginta), que foi amplamente utilizada pelos judeus e prosélitos possivelmente desde os dois primeiros séculos antes de Cristo e amplamente utilizada pelos discípulos de Cristo e os primitivos cristãos.

A maioria dos manuscritos disponíveis da Septuaginta traduziu o nome divino por Kyrius, que significa Senhor.

O alfabeto hebraico não possuía vogais até o século IV depois de Cristo, quando um grupo de escribas judaicos, conhecidos como massoretas, inseriram sinais vocálicos ao lado das consoantes.

Somando-se o fato de que os judeus foram proibidos de pronunciar o nome divino e que o idioma escrito só possuía consoantes, o idioma hebraico só era conhecido pelas elites judaicas, pois o dialeto dominante na Judéia era o aramaico, e isto desde o retorno do cativeiro babilônico.

Se apenas os sumo-sacerdotes até então estavam autorizados a pronunciar o Nome divino, Ele então era desconhecido por quase toda a população da Judéia nos tempos de Jesus, pois, de acordo com a tradição vigente, “qualquer pessoa que pronunciasse o Nome seria privado de sua porção no mundo futuro” (Sanh. xi. 1)

Quando o templo foi destruído, no ano 70 D.C., pelo general romano Tito, a pronúncia do Nome já era totalmente desconhecida.

Cristo, ao orar pelos discípulos, declarou que fez conhecer o nome do Pai (João 17:6). No entanto, essa declaração não se refere à pronúncia do nome, mas sim à revelação da própria Pessoa de Deus. Em suas orações, Jesus não invocava o Pai pelo nome YHWH, mas simplesmente como Pai.

Quando no século IV D.C., os massoretas começaram a atribuir sinais vocálicos às Escrituras Hebraicas, ao se depararem com o TETRAGRAMA, eles usaram as vogais da palavra Adonai, para indicar que essa seria a palavra lida, e quando Adonai antecedia o TETRAGRAMA, usaram as vogais de ELOHIM, surgindo daí dois termos híbridos, YEHOWAH e YEHOVIH.

Importa ressaltar que, por providência do próprio Deus Pai, a pronúncia do Nome divino perdeu-se e tudo indica que assim permanecerá até que Cristo a revele por ocasião de sua volta.

 

2. Jeová

 

Se não sabemos ao certo como se escreve o Nome Divino, de onde surgiu o termo Jeová, então?

A forma "Jeová" surgiu no século XIII, possivelmente registrada pela primeira vez em 1270 na obra Pugio Fidei de Raymond Martin. A grafia popularizou-se com Petrus Galatinus, assessor do Papa Leão X, no livro De Arcanis Catholicæ Veritatis (1518).

O nome Jeová, tal como hoje conhecido, surgiu da fusão das consoantes YHWH com as vogais de ADONAY, que resultou em YeHoWaH ou JeHoVaH, e em bom português, Jeová.

Para que a salvação pudesse ser concretizada, o Pai entregou a Cristo um nome humano, Yehoshuá, ou Jesus, para que por Ele o homem pudesse ser salvo.

Por isso, os discípulos ensinaram que em nenhum outro nome, senão o de Cristo Jesus, há salvação, “porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4.12).

Da mesma maneira, Paulo declarou que: “Se com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. 

Tudo isto deixa patente o fato de que quando os discípulos se referiam a Cristo como Senhor (gr. Kurius), estavam referindo-se à Sua divindade.

Quer dizer então que o nome Jesus substituiu o nome YHWH?

Evidente que não, pois, conforme dissemos, esse nome é pronunciado diante do trono do Todo-Poderoso incessantemente (Is. 6. 2 e 3 e Ap. 4.8).

 

3. Jáh

 

Uma das poucas formas do nome divino cuja pronúncia se preservou é Jáh, encontrada na expressão "Aleluia" (Hallelujah, que significa "Louvai a Jáh"). O termo ocorre 25 vezes no Antigo Testamento e aparece no Apocalipse (19:3-6) como parte da adoração celestial.

 

4. Javé

 

Os eruditos bíblicos preferem o uso da forma Javé, que alegam ser a forma mais provável de designar o nome divino em português, por duas razões, uma de ordem gramatical e outra de ordem documentária.

A gramatical está em concordância com Êxodo 3.14, na qual Deus se dá a conhecer a Moisés como EU SOU O QUE SOU ('ehyeh asher 'ehyeh). O verbo SER, no hebraico antigo era havah e, como o nome indica que Deus é aquele que é (Yahweh, no hebraico), esta passou a ser a forma preferida dos eruditos ingleses e, com o Y não funciona como consoante em português e o “H” é uma letra muda, em nossa língua o nome foi traduzido para JAVÉ.

A razão documentária consiste na afirmação de Teodoreto, falecido em 457 d.c., de que os samaritanos possuíam um Pentateuco em que o nome de Deus era pronunciado como Iabé (com o “b” no lugar do “v”). Clemente de Alexandria, falecido em 216 D.C., grafava o nome como Iaoué, e os papiros mágicos egípcios (III século D.C.) davam como corrente a pronúncia referida por Teodoreto.


CONCLUSÃO


  1. Deus tem um nome, mas sua pronúncia exata se perdeu.

  2. O nome "Jeová" é uma reconstrução medieval.

  3. O único nome pelo qual importa que sejamos salvos é o de Jesus Cristo.


Portanto, é evidente que se a salvação estivesse ligada ao conhecimento do nome divino tal como grafado no Antigo Testamento, possivelmente ninguém estaria salvo.


Bibliografia.


1.      MCLAUGHLIN, J.F e EISENSTEIN, Judah David, Jewish Encyclopedia, The names of God, disponível em http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=52&letter=N.

2.      HIRSCH, Emil G. Jewish Encyclopedia, Jehovah, disponível em http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=206&letter=J.

3.      REVISTA A BÍBLIA NO BRASIL, O termo Jeová na Bíblia Sagrada, n. 188, Julho a Setembro de 2002, ano 52, Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri/SP.


 

 
 
 

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