A Lenha do Inferno

"Estas seis coisas aborrece o SENHOR, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que maquina pensamentos viciosos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos."Provérbios 6:16-19

Imagine se você fosse entrevistado e o repórter lhe perguntasse: “Que tipo de pessoa Deus mais abomina?” Talvez você respondesse: um sequestrador, um assassino, um estuprador ou algo semelhante. Mas o que o próprio Deus diria?

No livro de Provérbios (quanta sabedoria em tão poucas palavras!), temos enumerado o que aborrece ao Senhor : o perverso (3:31), a balança enganosa (11:1), dois pesos e duas medidas (20:10), os de coração perverso (11:20) e os altivos de coração (16:5). No entanto, há algo que a própria alma de Deus abomina (grifo nosso): aquele que semeia contendas entre irmãos.

Mas por quê?

A resposta é simples. Quantas vezes nos aborrecemos ao ver alguém agir contra nossos princípios ou ideais? Agora, imagine o que Deus sente ao ver Seus filhos semeando contendas uns contra os outros, destruindo-se mutuamente, numa luta cujo único vencedor é o diabo.

Por que permitimos que as sementes da discórdia frutifiquem, cresçam e se espalhem? Esquecemos que aquele que odeia seu irmão é considerado por Deus um assassino (1 João 3:15).

Na Grécia Clássica, atores de teatro usavam roupas pesadas e máscaras para suas atuações. Chamavam-se hypokritès (hipócritas, ou “os que fingem”). Foi esse mesmo termo que Jesus usou para descrever os fariseus. Agora, pergunto: será que realmente sentimos o que cantamos ao dizer "Como é precioso, irmão, estar bem junto a ti"? Infelizmente, muitos, em vez de cultuarem a Deus, parecem estar encenando um teatro. É um espetáculo estranho, com uma plateia dividida: para uns, o palco exibe uma tragédia, uma farsa disfarçada de piedade; para outros, tudo não passa de uma comédia risível.

Como os fariseus dos tempos de Jesus, que percorriam mar e terra para fazer um convertido e depois o tornavam ainda pior do que eles (Mateus 23:15), de nada adianta lutarmos para ganhar almas se, com nosso ciúme, egoísmo e mau testemunho, as afastamos novamente. Será que já trocamos o capacete da salvação e toda a armadura de Deus por máscaras de atores? Será que trocamos o altar por uma arena?

O profeta Isaías advertiu:"Ai dos filhos rebeldes, diz o SENHOR, que tomaram conselho, mas não de mim! E que se cobriram com uma cobertura, mas não do meu Espírito, para acrescentarem pecado a pecado!" (Isaías 30:1).

Até quando continuaremos encobertos por uma falsa fraternidade, um amor interesseiro e egoísta, incapaz de suportar as fraquezas do próximo? Um amor que não trabalha para unir, mas se empenha em destruir?

Que maravilha seria se o povo de Deus deixasse de lado tanta insensatez e voltasse a se unir, retomando sua verdadeira identidade de discípulos: "Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (João 13:35). Pois aquele que odeia seu irmão está em trevas (1 João 2:11).

É tempo de reconciliação. Precisamos expulsar toda escuridão e permitir que a luz de Cristo brilhe em nós. Se falharmos, sejamos humildes para reconhecer o erro. Se achamos que o outro está errado, ouçamo-lo mesmo assim. Deus, quando pecamos, nos convida a apresentarmos nossas razões diante d’Ele (Isaías 43:26), porque deseja nos perdoar. E mais: Ele esquece nossos pecados (Isaías 43:25).

Precisamos ser francos. Só Deus pode nos dar força para perdoarmos aqueles que nos feriram, mas tudo é possível quando temos um coração sincero. Comece, por mais difícil que pareça, orando por quem lhe fez mal, e aguarde o resultado. Você não se decepcionará.

Deus nos chama para semearmos a boa semente. Suas mãos não estão encolhidas para nos abençoar, mas o pecado pode nos separar de Suas bênçãos. Devemos destruir as fortalezas que Satanás ergueu por meio da discórdia. A Bíblia diz:"O irmão ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade fortificada, e as contendas são como os ferrolhos de um palácio" (Provérbios 18:19).

Não seja uma abominação aos olhos de Deus. Reconcilie-se, perdoe e esqueça. E então, veja as bênçãos fluírem sobre sua vida, sua família e sua igreja.